Naquele tempo, 1 Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2 De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta d’Ele. Sentando-Se, começou a ensiná-los. 3 Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: 4 “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5 Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes Tu?” 6 Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de O acusar. Mas Jesus, inclinando-Se, começou a escrever com o dedo no chão. 7 Como persistissem em interrogá-Lo, Jesus ergueu-Se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8 E tornando a inclinar-Se, continuou a escrever no chão. 9 E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. 10 Então Jesus Se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11 Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.
(Jo 8, 1-11)
I – Fazer o bem combatendo o mal
A Sagrada Revelação nos transmite em numerosas passagens do Novo Testamento a riqueza surpreendente da misericórdia de Nosso Senhor. No Evangelho deste 5º Domingo da Quaresma, entretanto, o perdão parece alcançar seu zênite ao se narrar o episódio da mulher surpreendida em adultério.
A cena dá-se no contexto da viagem de Jesus a Jerusalém por ocasião da festa dos Tabernáculos. Inicialmente o Divino Mestre, instado pelos familiares, recusa-Se a subir com eles à Cidade Santa, pois ainda não havia chegado a sua hora (cf. Jo 7, 2-9). Todavia, a expectativa por sua eventual presença nas imediações do Templo era sobremaneira alta, como testemunha o próprio Evangelista: “Buscavam-No os judeus durante a festa e perguntavam: ‘Onde está Ele?’ E na multidão só se discutia a respeito d’Ele. Uns diziam: ‘É homem de bem’. Outros, porém, diziam: ‘Não é; Ele seduz o povo’” (Jo 7, 11-12).
Jerusalém, abarrotada de peregrinos provenientes da diáspora, está dividida em função de Jesus Nazareno. As elites e parte do povo antipatizam e denigrem o verdadeiro Messias, enquanto uma sanior pars, provavelmente a maioria, O escuta com entusiasmo.
De encontro ao combate
Nesse clima tenso e perigoso, Nosso Senhor comparece em Jerusalém de improviso, em meio aos festejos que se desenvolvem há alguns dias. Com seus ensinamentos extasia as multidões e neutraliza os objetores. Tal é a irradiação da majestosa bondade d’Ele que os guardas dos sacerdotes, incumbidos por seus chefes de prendê-Lo, voltam com as mãos vazias e cheios de encanto. Interrogados sobre o fracasso da empresa, apenas respondem: “Jamais homem algum falou como este Homem!…” (Jo 7, 46). A armadilha se tornara uma gloriosa vitória da Verdade sobre a hipocrisia!
Não parece descabido pensar que os fariseus e os escribas, irritados por verem Jesus escapar de suas garras, tenham forjado o caso da adúltera com o fim de O comprometer e desprestigiar, justificando desse modo sua captura perante o povo.
O episódio, porém, foi um autêntico fracasso para os seus urdidores. Nosso Senhor os dispersou infundindo-lhes o terror de serem desmascarados, razão pela qual, vitorioso mais uma vez, poderá Ele elevar o tônus de seu discurso e desvendar com rigorosa franqueza, diante de toda a Opinião Pública, a malícia de seus adversários. Agindo dessa forma o Divino Mestre nos ensina ser impossível fazer o bem sem combater o mal.
Nos versículos sucessivos, Jesus afirmará a respeito dos chefes do povo: “Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes que Eu sou, morrereis no vosso pecado” (Jo 8, 23-24). E ainda declarará com arrepiante severidade: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44).
Assim, o triunfo de Jesus sobre a malícia dos fariseus e dos escribas no caso da adúltera permitiu-Lhe fazer a mais implacável denúncia profética, instando o povo a optar a favor d’Ele e contra os seus detratores.
II – Comovente e eficaz perdão
A cena narrada no Evangelho deste domingo é de uma grandeza rutilante. Nela brilham virtudes aparentemente opostas como a misericórdia levada a um extremo altamente consolador para os pecadores, e a justiça com que Nosso Senhor ameaça desmascarar, qual novo e divino Daniel, os crimes ocultos dos fariseus e os obriga a fugir de sua presença impelidos por um medo irresistível.
O crisma do perdão
Naquele tempo, 1 Jesus foi para o Monte das Oliveiras. 2 De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta d’Ele. Sentando-Se, começou a ensiná-los.
Nosso Senhor costumava sacrificar o sono a fim de entregar-Se à oração. Como seria a intimidade que então se estabelecia entre a humanidade santíssima do Salvador, livre das distrações da ação apostólica, e seu amado Pai? É-nos impossível imaginá-la, mas o simples fato de levantar a questão nos aproxima de um patamar elevadíssimo e nos enche de temor e enlevo.
Muito simbólico é o pormenor de Jesus ter escolhido, antes de manifestar seu perdão de um modo éclatant, o Monte das Oliveiras para recolher-Se. Alcuíno explica que, em grego, as palavras oliveira e misericórdia possuem a mesma raiz. Assim, a misericórdia seria como o bálsamo perfumado de Deus que cura, purifica e reergue os pecadores.
Após o período de sacrossanto isolamento, Nosso Senhor desce ao Templo a fim de ensinar o povo. As pessoas acudiam em massa, sedentas de ouvir o Mestre: estava criado o ambiente para uma das mais tocantes manifestações da indulgência do Senhor.
Malícia e duplicidade dos filhos do demônio
3a Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério.
A respeito do crime de adultério, a Escritura era peremptória: “Se um homem cometer adultério com uma mulher casada, com a mulher de seu próximo, o homem e a mulher adúltera serão punidos de morte” (Lv 20, 10; cf. Dt 22, 22). Neste episódio que nos ocupa, porém, os denunciantes só apresentam a mulher e não seu comparsa, detalhe determinante para quem conhece a malícia diabólica e a duplicidade viperina dos mestres da Lei e fariseus.
Embora a culpa da desventurada adúltera fosse real, a maneira de expor o caso é maliciosa, toda ela envolta nas brumas da mentira. Com efeito, bastava que duas pessoas testemunhassem o nefando pecado da traição conjugal para que o apedrejamento dos faltosos se desse. E os primeiros a jogar as pedras deviam ser justamente os que haviam flagrado o deplorável fato. Por que os fariseus arrastaram a acusada sem apresentar seu cúmplice e omitiram a identidade das testemunhas? Atrás desse modo de agir pouco reto, ocultavam-se sem dúvida péssimas intenções, dignas dos filhos do demônio.
Com quem é puro Tu és puro, mas com o perverso…
3b Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: 4 “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5 Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes Tu?”
Os fariseus, em seu orgulho, pensaram lograr o próprio Filho de Deus… De fato, a armadilha por eles preparada era ardilosa até o último ponto.
Nosso Senhor era o Redentor, o Profeta da bondade divina, o Médico vindo para salvar os enfermos (cf. Mc 2, 17). Mas não só. Ele era também o Mestre reto e justo, que não pretendia mudar nem atenuar a Lei, e sim levá-la ao pleno cumprimento (cf. Mt 5, 17). Assim, colocá-Lo na alternativa de perdoar a adúltera violando a Lei ou executar os ditames de Moisés sem conceder sua misericórdia, significava deixá-Lo numa situação assaz delicada, cuja solução sempre prejudicaria sua imagem, que os fariseus queriam a todo custo desprestigiar.
E havia ainda uma agravante: se Ele optasse por aplicar a Lei em seu rigor, o que parecia mais provável pelo calor e evidência dos fatos, infringiria a lei romana, a qual declarava a pena de morte competência exclusiva do procurador imperial (cf. Jo 18, 31).
Contudo, embora pareça genial a cilada armada pelos mestres da Lei e pelos fariseus, a astúcia divina, aliada à mais rutilante retidão, vencerá as tramas dos ímpios de forma esplêndida, conforme anunciara o salmista: “És puro com quem é puro, mas astuto com quem é mau” (Sl 17, 27).
Não tentarás o Senhor, teu Deus
6 Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de O acusar. Mas Jesus, inclinando-Se, começou a escrever com o dedo no chão.
Ofuscados pelo orgulho que os levava a acharem-se os mais espertos, os fariseus tentam o Filho de Deus, incorrendo assim num pecado horrível, que será devidamente punido.
Jesus, que estava sentado enquanto ensinava o povo, inclinou-Se em silêncio e Se pôs a escrever com o dedo no chão. Essa é a única ocasião em que, segundo consta nos Evangelhos, Ele escreveu algo, e o fez para humilhar e desmascarar os inimigos da verdade.
Muitas são as interpretações sobre esse gesto divino. Alguns autores julgam que Jesus escreveu os pecados daqueles pérfidos fariseus; outros, que simplesmente os ignorou agindo assim. Quiçá nos vaticínios do profeta Jeremias se encontre uma clave mais adequada para interpretar essa atitude do Divino Mestre: “A esperança de Israel és Tu, Senhor, os que Te abandonam ficarão frustrados, os que de Ti se afastam serão inscritos no pó, porque abandonaram o Senhor, a fonte de água viva” (Jer 17, 13).
Uma sentença inesperada, sábia e terrível
7 Como persistissem em interrogá-Lo, Jesus ergueu-Se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8 E tornando a inclinar-Se, continuou a escrever no chão.
Os fariseus, seguros de si e ignorando o sentido do gesto de Nosso Senhor, continuam com teimosia a interrogá-Lo. A presunção toldava as vistas interiores daqueles desventurados, reduzindo-os à estultice. Desse modo, estavam prontos para cair na armadilha que eles mesmos haviam montado.
Jesus, pelo contrário, atua com sagacidade divina, absoluta superioridade e segurança. Ele Se ergue num gesto impregnado de grandeza e profetismo e, fixando seu olhar divino naqueles celerados, afirma: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Para o Divino Legislador não parecia suficiente terem testemunhado o ato delitivo para proceder à lapidação da ré. Ele exigia a inocência dos costumes e a santidade de vida, ciente do terrível embaraço em que punha aqueles corações endurecidos no pecado.
A cena termina com Jesus voltando a escrever no chão, desta vez com a intenção de fazer entender aos mestres da Lei e aos fariseus o que seu gesto queria significar. Tratava-se de um verdadeiro juízo simbólico, bastante claro para um conhecedor das Escrituras. E eles parecem ter compreendido bem e agido em consequência.
O Divino Daniel
9 E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo.
A resposta de Nosso Senhor encheu de pavor os escribas e fariseus, até esse momento fanfarrões e presunçosos. A palavra do Verbo Encarnado, divinamente aguçada, agiu com mais eficácia que a mais deletéria das armas: ao ouvir aquela réplica, os adversários de Jesus foram atravessados pela espada da consciência, a qual os acusava de crimes mais horrendos e numerosos que os da miserável pecadora por eles denunciada.
Terão eles se lembrado do profeta Daniel e da casta Susana? Com efeito, esse predileto de Deus, jovem mas cheio de zelo pela justiça, desfez com fino discernimento as tramas de dois velhos juízes encarquilhados na luxúria, que tentaram condenar a inocente dama.
Temiam os fariseus e mestres da Lei serem descobertos pelo discernimento de Jesus? Tudo aponta nesse sentido. Os milagres que operava, a sabedoria de suas palavras, o acerto de suas predições O configuravam como um profeta muito superior a Daniel. Não poderia Ele, diante do povo ali reunido, desmascará-los e deixar sua vergonha em evidência? Para que teria servido o abjeto véu da hipocrisia com que procuravam encobrir seus crimes? O certo é que “foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos”. Esplêndida vitória de Jesus! Todavia, Ele não quis revelar em público as transgressões daqueles velhacos, a fim de dar-lhes uma nova oportunidade de se converterem, oportunidade essa que seria rejeitada mais uma vez.
Em decorrência das palavras de Nosso Senhor a situação inverteu-se por completo. Os acusadores se retiraram amarfanhados, enquanto a mulher culpável, reconhecendo a autoridade judicial do Redentor, permaneceu diante d’Ele à espera de uma sentença. É difícil aquilatar os sentimentos de arrependimento, temor, esperança e pasmo que assaltavam o coração da adúltera ao ver-se livre de seus encarniçados denunciantes, sozinha em meio à multidão, olhando para Aquele que podia salvá-la ou condená-la. Dava-se, assim, o comovente e sublime encontro da miséria com a Misericórdia.
Perdão generoso, arrependimento sério
10 Então Jesus Se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11 Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.
Depois de dispersar seus inimigos, Nosso Senhor levantou-Se. O modo de Ele pronunciar sentença é de uma perfeição absoluta, como se dissesse: “Já que teus detratores se retiraram carregados de crimes, Eu, que sou a Inocência e o Deus salvador, também não te condeno. Não lembras do que afirmei pelos lábios de Ezequiel? ‘Terei Eu prazer com a morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé – Não desejo Eu, antes, que ele mude de proceder e viva?’ (Ez 18, 23). E ainda: ‘Por minha vida – oráculo do Senhor Javé –, não Me comprazo com a morte do pecador, mas antes com a sua conversão, de modo que tenha a vida. Convertei-vos! Afastai-vos do mau caminho que seguis; por que haveis de perecer, ó casa de Israel?’ (Ez 33, 11). Por isso, filha, Eu te digo: podes ir e, de agora em diante, não peques mais. Deixa as vias do vício e enceta a estrada que leva a meu Reino. O perdão que agora te concedo por tua transgressão custar-Me-á a vida, mas Eu sou o Bom Pastor e vim para derramar todo o meu Sangue pelas ovelhas tresmalhadas”.
Jesus mostra sua compaixão pelo pecador, mas deixa claro o quanto aborrece o pecado, e ordena à adúltera, com grave bondade, não mais desobedecer aos Mandamentos de seu Pai. Com efeito, a melhor penitência consiste em nunca retornar às faltas passadas.
Pode-se supor que, junto com suas palavras, Nosso Senhor tenha infundido na alma da infeliz uma graça sincera, séria e profunda de dor pelo mal realizado, assim como uma força eficaz para a prática da virtude da continência. Aquela que estava morta pela culpa, tornou à vida pelo perdão; sua imundície foi transformada em virtude pela Fonte das águas vivas.
III – Não pequemos mais!
O pecado, de qualquer gênero que seja, pode ser comparado ao adultério. Nas Sagradas Escrituras com frequência se associa a idolatria à infidelidade conjugal, sapiencialmente detestada a partir da Lei Mosaica. Tal relação tem um profundo significado, que merece nossa atenção.
O Primeiro Mandamento prescreve um amor total, incondicional e exclusivo a Deus. O próprio Nosso Senhor o recorda com grande ênfase: “O primeiro de todos os mandamentos é este: ‘Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor; amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças’” (Mc 12, 29-30). Esse amor deve nos ligar a Deus por uma união toda espiritual, mais íntima e sagrada que a dos esposos no casto matrimônio.
No extremo oposto, Santo Agostinho define o pecado como uma aversão a Deus e uma inclinação para as criaturas. Assim, voltar as costas ao Todo-Poderoso a fim de idolatrar em seu lugar seres contingentes, é uma traição similar ao adultério, pois significa deixar o único e verdadeiro Amor para seguir o efêmero, o caduco, o enganoso. Nesse sentido, nós ofendemos a Deus com nossas faltas de um modo semelhante ou pior que a adúltera com sua concupiscência.
Ponhamo-nos no lugar daquela pobre mulher. Réus pelo pecado, podemos ter merecido o inferno em mais de uma ocasião, quando não muitas vezes. O medo da lapidação é uma banal sombra se comparado à luz do salutar temor que deve inspirar em nós o pensamento do castigo eterno, do fogo e do ranger de dentes, assim como da pena de dano, que consiste em permanecer inimigo de Deus para todo o sempre. Seguramente, a iminência de ver-se sepultada sob uma chuva de pedras levou a culpada a refletir. Como não pensaremos nós nas consequências de uma morte em pecado mortal?
De outra parte, consideremos a utilidade da humilhação. Quantos não julgam insuportável rebaixar-se a ponto de declarar suas faltas a um sacerdote? Entretanto, pensemos no bem que fez à adúltera ver-se incriminada em público, diante da multidão que a olhava com repulsa. É melhor humilhar-se nesta vida, do que sofrer o desprezo dos Anjos e Bem-Aventurados por toda a eternidade. Bendito Sacramento da Confissão! Basta sermos sinceros e nos acusarmos com simplicidade, para que o coração de Deus mude a nosso respeito e, em vez de ouvir uma sentença de condenação, escutemos a suave e paterna fórmula da absolvição.
Assim será desde que estejamos dispostos a não mais pecar!E nossa conversão poderá ser facilitada pelo fato de contarmos com o auxílio de Nossa Senhora. Ela foi o presente régio e insuperável que, num extremo de comiseração, o Bom Pastor nos deu no alto da Cruz. Graças à mediação onipotente de Maria, não há pecado que não obtenha perdão largo e imediato, nem pecador que não possa santificar-se do modo mais perfeito. Confiemos em seu Coração materno e imaculado, o qual é a expressão de sua bondade inefável, de sua doçura inenarrável, de sua misericórdia inesgotável.